segunda-feira, 30 de julho de 2007

Manifesto ao vivo

Em Ançã (Coimbra), na noite de 22 de Julho de 2007, após 25 anos de eclipse total!

domingo, 29 de julho de 2007

Aos Domingos vou à Bola

O primeiro e mais emblemático dos dois singles gravados pelos Manifesto.
Além de Aos Domingos vou à Bola, inclui ainda o tema Você é um Homem Livre?.
Foi publicado em 1981.

Capa




Contracapa




Ficha técnica

Estúdio — Rádio Triunfo 2, Rua de Campolide - Lisboa
Mistura — António Sérgio e Jorge Barata
Produção — António Sérgio
Edição — Rossil/ Rotação

quarta-feira, 25 de julho de 2007

O regresso dos Manifesto!

A apresentação

Foi no domingo, dia 22 de Julho, no Terreiro do Paço, em Ançã. Pouco passava das 23:30 quando a Glória, a fã n.º 1 dos Manifesto, subiu ao palco para apresentar a banda.


Boa noite!

Há 30 anos, começaram por animar bailes e festas, tocando clássicos dos Beatles, dos Stones e dos Pink Floyd, e temas de grupos daquele tempo, tais como os Police, os Devo ou os U 2.

Mas, desde cedo, decidiram que não haveriam de passar o resto da vida a tocar música dos outros, para entreter o pessoal. Por isso, na viragem para os anos 80, quando se deu a explosão do chamado rock português, com Chico Fininho, de Rui Veloso, Cavalos de Corrida, dos UHF, e Chiclete, dos Táxi, eles não quiseram ficar à margem do movimento e aproveitaram a primeira oportunidade que se lhes deparou: concorreram ao Só Rock, venceram uma das eliminatórias do concurso e realizaram uma exibição arrebatadora na finalíssima que lhes abriu as portas para a gravação de dois singles (quando os discos ainda eram de vinil…): o primeiro, Aos Domingos vou à Bola e Você é um Homem Livre?; o segundo, Nuclear (à Beira Mar) e Sonho Acordado.

A partir daqui, foram dois curtos anos de intensa actividade, com passagens na rádio e na televisão, e concertos por todo o país, ao lado das maiores bandas da época: UHF e Táxi, já referidos, mas também Heróis do Mar, JáFumega, Go Gral Blues Band, Lena d’Água e a Banda Atlântida, Roquivários, Trovante. Na memória de quem assistiu ficou ainda o concerto que realizaram, na antiga sede do Ançã Futebol Clube, com a participação dos Xutos e Pontapés, naquela altura, companheiros de editora.

Sobre eles, António Duarte, do jornal “Sete”, afirmou serem uma banda “com coisas interessantes para dizer”, uma “surpresa na procura de novas vias para o rock português”. Para Belino Costa, do mesmo jornal, eles deram uma “contribuição decisiva” para a politização do rock e “Você é um Homem Livre? foi o primeiro manifesto político do rock português”. O crítico Manuel Falcão, do Som 80, considerou-os “um autêntico manifesto” sublinhando “a força das palavras […] das suas canções” e a “excelente impressão […] do seu trabalho”.

Apesar de tudo isto, num país de brandos costumes, mais habituado a calar e a consentir, a sua mensagem de resistência e indignação não iria passar completamente. O mercado falaria mais alto e, tal como aconteceu com a imensa maioria das bandas daquele tempo, por não terem vendido o suficiente, eles não sobreviveram à crise.

Acabariam nos finais de 1982, depois de terem ajudado a escrever algumas das páginas da história da música portuguesa dos anos 80. Por isso, a sua memória não se apagará.
E para reavivá-la, 25 anos depois, vamos tê-los aqui connosco! O rock está de volta!

Senhoras e senhores, amigos e amigas, connosco, os… MANIFESTO!



O concerto


O S. Pedro não quis ajudar à festa: chuviscava já quando os Manifesto começaram a função. Mas os riffs da guitarra e as palavras de Aurélio Malva, devidamente apoiados pela firmeza do baixo de José Tovim, a sobriedade da bateria de Jota (João Luís) e a harmonia dos teclados de Miguel Moita (músico convidado), cedo tomariam conta da noite com Freak d'orinol e Maio Vermelho a contagiarem os presentes.

25 anos depois, a pedalada mantem-se!

O vocalista dos Manifesto explicaria, em seguida, que este último tema foi feito na ressaca dos acontecimentos do 1.º de Maio de 1981, no Porto, durante os quais os manifestantes foram brutalmente reprimidos, tendo falecido duas pessoas em consequência dos disparos da polícia. E acrescentaria, fortemente aplaudido pelo público, que a democracia e a liberdade continuam hoje seriamente ameaçadas, com os trabalhadores a serem despedidos sem apelo nem agravo ou a serem castigados com processos disciplinares, só por terem a "veleidade" de criticar os governantes. Anunciando o tema seguinte, diria ironicamente que só resta ir à bola e mandar bocas ao árbitro para descarregar a frustração. Ainda que isso nada resolva…
Aos domingos vou à bola seria a loucura da noite, com toda a gente a cantar com a banda.
E seguiu-se-lhe Nuclear (à beira mar), outro dos temas gravados e mais queridos, dos Manifesto.

25 anos depois, a força das palavras é a mesma!

Antes de Allons nous à CEE, Aurélio Malva diria que este tema, composto cinco anos antes da adesão à União Europeia, previa já que ela seria desastrosa para Portugal. E os factos vieram a comprová-lo. "Apesar dos milhões de euros de fundos comunitários, com que alguns se terão abotoado, somos hoje um país com uma agricultura paralisada, uma pesca desmantelada, uma indústria sem capacidade competitiva. Um dos países mais pobres da Europa. E, pior do que isso, um país onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres são cada vez mais e mais pobres", afirmou. Aplauso vibrante da assistência. Tema bem esgalhado, com incursões pelo rap e pelo ritmo bem português do malhão, e um final com a banda e o público a cantarem em conjunto.
Depois veio Café cinzento, uma balada sobre a rotina do quotidiano.
Chovia agora um pouco mais mas os fiéis da banda resistiam corajosamente, abrigando-se como podiam debaixo das copas dos plátanos e do coreto do belo Terreiro do Paço.
Mas o calor e a "electricidade" voltaram a subir, desta vez com Álcool não faz mal à gente, um funk com palavras do grande poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, e Desamor, um blues que aborda o tema da prostituição.

25 anos depois, resistir é preciso!

À beira do fim, faltava apenas lembrar os músicos que passaram pelos Manifesto e não puderam estar presentes — os teclistas Chico Parreiral e Jojó, e o guitarrista Vasco — e agradecer aos melhores fãs do mundo que, após 25 anos de espera, enfrentaram a chuva para estar com a sua banda favorita!
Aplauso caloroso do público e final do concerto a atingir o red line com Você é um homem livre?, denúncia frontal da exploração dos trabalhadores e um dos temas mais emblemáticos dos Manifesto.

E apesar da intempérie, os presentes haveriam de reclamar o regresso dos músicos ao palco. Eles não se fizeram rogados e dedicaram-lhes Manifesto, um dos temas que a banda apresentou no concurso Só Rock e, claro, uma vez mais Aos domingos vou à bola, que voltou a pôr toda a gente a cantar!
Fotos de Humberto Neves

quarta-feira, 18 de julho de 2007

25 anos depois!

25 anos depois, os Manifesto juntam-se para um concerto único,
integrado na Semana Cultural de Ançã (Coimbra),
no dia 22 de Julho de 2007, pelas 23 horas.
A não perder!

Falar claro, sempre!

A força do rock (também) está nas palavras!

Publicado no Som 80, em 20/03/82